sexta-feira, julho 13, 2012

Tu, cego, não verás.

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver.
Juntamente com todos os aspectos científicos que foram despudoradamente ignorados pelos "iluminados" que decidiram criar o "Aborto" Ortográfico, também os aspectos sociais do mesmo foram descuidados.
O Professor António Emiliano chamou já várias vezes à atenção para a inexistência de um "estudo de impacto ambiental" no que respeita ao AO. 
E se mais provas fossem precisas, de que tal estudo sobre a forma como o AO afecta os portugueses nunca foi feito, basta pensar na forma blasé com que o Estado acha que se pode implementar a Besta.
Para os ilustres "pensantes" que nos (des)governam, basta emitir uma Resolução para que a coisa exista (ver o meu texto "Portugal, o País-Zombie" sobre a ilegalidade desse acto). As editoras trataram de começar a editar novos livros escolares (olha que rico negócio!). As televisões mudam meia-dúzia de gráficos. E assim vão eles, "cantando e rindo", como dizia a letra.

E para variar houve um grupo de portugueses que foram tratados como gente "de segunda". Os invisuais.
Pois é. Como sempre, neste País de "doutores", mais uma vez aqueles que requeriam do Estado especial consideração foram, mais uma vez, esquecidos.
É que na ânsia de "acordizar" o Português e transformá-lo nessa novilíngua chamada "Acordês", os "iluminados" não ponderaram, em momento algum, de que forma esse homicídio vai afectar a escrita portuguesa em braille?
Os poucos livros que há em braille ficam, claro, obsoletos. As poucas placas informativas que existem em braille ficam também elas, caducas ante o Acordês. E o Estado não gastará um tostão para as renovar, como é óbvio, até porque não tem dinheiro para isso.
Mas e a escrita em si?
Bom, em boa verdade, nem o texto do Aborto nem a sua inenarrável Nota Explicativa estão disponíveis em braille. Os invisuais estão portanto numa ilha, isolados do resto do País Linguístico. 
Por um lado é sempre doloroso não poder ver o Mundo que os rodeia. 
Por outro foram e serão poupados a ter de assistir ao que se está a fazer com a Língua Portuguesa.

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver.
Mas até um cego conseguiria ver o absurdo que o AO é. Ao contrário dos "visionários" que o criaram.

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